© Ambiências

Por que você visita um lugar?

Do ponto de vista psíquico-geográfico, um lugar torna-se um “lugar” quando representa significado para alguém ou um grupo social. Do contrário, o espaço pode ser um “não lugar”.

Os estudiosos desta área ainda preconizam o “entre-lugar”, como uma espécie de limbo, que se caracteriza por um espaço transitório entre os “lugares” e os “não lugares”. É uma teoria um tanto interessante, e em resumo, um “lugar” é aquele espaço que nos cativa, que nos faz retornar sempre que possível.

É onde nos sentimos confortáveis e preenchemos com plenitude nossa alma, nossos olhos e nosso coração. É aquele espaço que gostamos de ir, de estar. É como se fosse a nossa casa, ou então a casa dos avós, que quase sempre é aquele lugar tão aconchegante e bom de estar, que nos faz ter bons momentos e legar boas lembranças.

Basicamente, um conjunto de estruturas que nos faça sentir acolhido ambientalmente. É quando o espaço te abraça! Não vamos a praias feias e inacessíveis – gosto deste exemplo para comparar a praia em seu estado natural com uma cidade, construída pelo homem -,  porque ainda que a praia seja bonita e acessível, mas se suas belas e robustas árvores mais antigas estiverem cortadas, e se ela estiver suja, mesmo sendo bela – neste caso tendo sua beleza agredida e escondida pelo lixo, pelo descuido de seus bens -, ela não vai ser um espaço legal, acolhedor, hospitaleiro…um “lugar” de estar. Ela será um “não lugar”.

O mesmo acontece com as cidades. As vezes seus problemas urbanísticos a tornam um não lugar.

Buracos nas ruas, árvores sem poda ou inadequadas para centros urbanos, jardins ressecados, calçadas quebradas, iluminação ruim, praças abandonadas, mobiliário urbano de baixa qualidade, falta de lixeiras e outros confortos tecno-urbano-modernos.

Alguns problemas podem ser primários, considerando as diretrizes construtivas mal planejadas, restringindo uma harmonização entre o ambiente natural e a geografia local com o crescimento da cidade (traçado de ruas e avenidas, altura de prédios). Outros referem-se à sua manutenção, à preservação de bens antigos, que são fundamentais para o entendimento do espaço e das pessoas que o habitam, e até mesmo aos espaços privados (casas, lojas, edifícios).

Enfim, uma cidade é um “lugar” quando todo o seu contexto e entorno urbanístico, ou seja, o seu ambiente, que é uma composição de diversos ambientes distintos, bem concebidos e cuidados, preservados e respeitados, agradáveis, aconchegantes, hospitaleiros e com vida e histórias para contar, estiverem em harmonia com os desejos e as necessidades da comunidade.

Se houver investimento e zelo no cuidado da cidade, desde os espaços públicos até as lojas, os restaurantes, as confeitarias, os hotéis, as pousadas e também as residências, buscando apostar na qualificação do ambiente para se ter uma melhor qualidade de “vida”, com certeza esta cidade vai despertar o orgulho de seus próprios habitantes.

Consequentemente, vai despertar a curiosidade dos habitantes de outros lugares, promovendo assim o turismo e todas as trocas sociais e econômicas da sua dinâmica. Vai se tornar um destino turístico e gerar desenvolvimento para o “lugar” e sua gente.

Conhecendo as necessidades que o mercado exige para transformar espaços em “lugares”, e os trabalhos executados com a experiência e o knowhow de profissionais que entendem a dinâmica entre Turismo e Arquitetura, acredito neste tipo de transformação. E quanto mais investidores, poder público e sociedade olharem com cuidado e interesse para o seu entorno, transformações mais poderosas podem acontecer em benefício de um todo.

Rafael Egidio Ruviaro é Bacharel em Turismo, graduado pelo Centro Universitário Franciscano de Santa Maria em 2006. Em 2009 concluiu pós-graduação lato-sensu em Gestão, na mesma instituição de ensino. Em 2011 concluiu pós-graduação stricto-sensu em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria, obtendo o título de Mestre. Desde 2003 atua em órgãos públicos na área do planejamento, da gestão e do fomento ao turismo como estratégia para o desenvolvimento de comunidades rurais e urbanas na Região Central do Rio Grande do Sul. Sócio fundador e atual presidente da COMUNITTÁ - Cooperativa de Desenvolvimento Turístico, entidade sem fins lucrativos que agrega profissionais de turismo e áreas afins para o desenvolvimento de projetos no setor. Criador e Coordenador da Sub-Seccional da Associação Brasileira de Turismólogos (ABBTUR-RS) na Região Central do RS.
Sem comentários

Deixe um comentário