Acreditamos que arte e arquitetura devem caminhar juntas na busca pela concepção de ambientes que tragam mais do que funcionalidade e soluções estéticas aprazíveis. Através da arte, conseguimos evidenciar referências da história do lugar, das pessoas, dos costumes, da região, valorizando e resgatando memórias importantes que fazem sentido naquele lugar, integrando suas partes a todo o contexto e entorno do qual faz parte.

Com esse intuito, contamos com a participação do artista plástico Juliano Lopes  em vários projetos, sempre com resultados enriquecedores que parecem conferir alma aos lugares. Destacamos aqui alguns desses trabalhos desenvolvidos em parceria com o artista.

As artes desenvolvidas para o projeto do andar da sobreloja do Hotel Obino, na cidade de Bagé/RS, foram definidas juntamente com o processo de conceituação de todo o projeto. Para o lançamento da proposta foram considerados vários condicionantes referentes tanto ao prédio, sua estrutura e tipologia, quanto ao entorno no qual se insere.

Construído na década de 1970, esse prédio modernista se impõe como um dos principais ícones da cidade, num entorno marcado por edificações que, em sua grande maioria, tem influência neoclássica. Avaliando essas questões, o conceito desenvolvido para lançar o projeto partiu justamente da intenção de demonstrar a relação do edifício com a rua, o entorno circundante, a cidade, a cultura.

Os painéis criados pelo artista plástico Juliano Lopes, conseguiram traduzir em imagens todos esses elementos abordados na concepção do projeto, valorizando elementos culturais e tradicionais da região. Aspectos corriqueiros da vida no Pampa, como a lida com os cavalos crioulos, a sagrada hora do chimarrão, passando pela vida urbana, e por alguns elementos que se tornaram parte da memória de quem transita pelas ruas da cidade, como as praças, os postes neoclássicos de iluminação pública, o piso de pedra portuguesa, e por fim, o prédio original do Hotel Obino, quando ainda se chamava Hotel Charrua.

Parte da história do hotel, do seu entorno, dos habitantes da cidade resgatados através da arte inserida em meio aos ambientes de convívio comum do hotel.

No projeto de revitalização dos ambientes internos do Itaimbé Palace Hotel, o conceito desenvolvido foi baseado na análise da relação do hotel com o Parque Itaimbé, que deu origem ao seu nome e é parte integrante de seu contexto e entorno imediato.

Essa importante relação entre o hotel, o parque e a cidade foram retratados em um dos maiores painéis desenvolvidos para o projeto, em uma das áreas mais utilizadas dentro do hotel, o estar social.

É também neste ambiente que está exposta uma obra de arte de autoria do mesmo artista, que consiste em uma homenagem a cidade de Santa Maria através da representação figurativa de sua imagem.

Na recepção, outra pele de vidro recebeu uma dos painéis do artista. Neste, a referência se faz ao prédio do hotel como ícone, e parte importante da história de Santa Maria e do inconsciente de seus habitantes.

No corredor que dá acesso o centro de eventos, restaurantes, café e acesso a torre de apartamentos, a idéia consistiu em criar uma espécie de máscara que renova o espaço com uma série de imagens dos pontos turísticos da cidade, ao mesmo tempo em que se acolhe os novos visitantes e se valoriza a memória dos habitantes da cidade que por ali circulam nos mais variados eventos realizados no Palace.

Além das artes conceituais desenvolvidas, o artista e designer gráfico foi responsável pelo design da sinalização interna, tanto dos serviços dos dois hotéis, quanto para a sinalização de emergência conforme normas de prevenção contra incêndio.