A partir de 2008, ano em que o escritório Ambiências passou a ser responsável pelo planejamento de recuperação do complexo hoteleiro, uma série de diretrizes foram lançadas para dar início ao projeto de revitalização de todo o conjunto. Contemplando uma área de, aproximadamente, 9.000 m², o projeto tinha como objetivo a recuperação e readaptação das áreas internas do pavimento térreo, bem como da área externa, incluindo recuperação da pintura e revestimento de pastilhas cerâmicas das fachadas do conjunto, adequação de acessos distintos para pedestres e veículos, organização das áreas destinadas a estacionamento, revitalização de canteiros e intervenção paisagística, revisão de pavimentações e iluminação externa.

Esse processo exigiu inicialmente uma revisão da impermeabilização das coberturas e calhas dos telhados, uma vez que o problema de infiltração era constante e bastante grave, impossibilitando a readequação dos ambientes internos. Alguns reforços estruturais também foram necessários, com a supervisão do engenheiro Paulo Sarkis, responsável pelo projeto estrutural original.

Da mesma forma, relocações internas de tubulações para passagem de cabeamentos de lógica, TV a cabo, entre outros, foram necessárias para adequar as instalações internas e remover a grande quantidade de descidas de cabos externos na fachada, em função da falta de previsão na época de construção do edifício. Obviamente, considerando a data de construção do conjunto do Itaimbé Palace Hotel, que tem como registro de inauguração o ano de 1977, é perfeitamente compreensível a falta de previsão dessas instalações que só surgiram muitos anos depois.

A área externa do conjunto consistiu em dos maiores desafios de todo o projeto, dada a problemática da área de estacionamento dos clientes do hotel em conflito com a área pública limítrofe ao Parque Itaimbé. Em contrariedade ao conceito de integração e valorização dos visuais do Parque Itaimbé, foco prinicpal de todo o projeto, foi necessário criar um elemento construtivo dividindo as duas áreas, pública e privada, de modo a organizar e, principalmente, tornar mais seguro o estacionamento e acessos do hotel.

Essa questão se tornou prioridade em função dos problemas de furtos e atos de vandalismo aos veículos estacionados na área, o que exigiu uma solução urgente para garantir a segurança dos hóspedes e clientes do hotel.

A divisão física da área se deu em função do impasse de parte da área ser pública, impossibilitando o isolamento de seus limites, que permitiriam um maior controle de todo o seu perímetro e, consequentemente, maior segurança aos seus usuários. Com esse propósito, o elemento criado para dividir as áreas pública e privada, foi pensando como um elo de ligação entre o hotel e o parque que deu origem ao seu nome, através da implantação de uma longa floreira que, com o passar dos anos, será totalmente preenchida com vegetação, em uma tentativa de conexão com a diversidade paisagística do parque.

A alteração do padrão da cor principal das fachadas do conjunto foi definida a partir das conclusões de uma extensa pesquisa feita sobre o histórico da construção do hotel, quando se descobriu que a cor original se aproximava de um tom de cinza. A partir de alguns testes de cor, chegou-se a tonalidade de tinta atual, aplicada durante a obra de recuperação externa.

Participar desse processo de resgate do Palace, foi, certamente, um desafio para a Ambiências, dada a importância e relevância simbólica de todo o complexo hoteleiro para a cidade. Passados alguns anos da finalização da obra de revitalização, o retorno da comunidade local assim como de hóspedes e participantes de eventos, confirmam o resultado positivo de valorização e recuperação de parte do brilho dos dias de glória desse gigante que acolhe, recebe e faz parte da história de tantas pessoas.